CIÚME E A RELAÇÃO CONJUGAL
Não é de hoje que o ato de sentir ciúmes por alguém está presente na sociedade. Há muito tempo esse sentimento acomete os indivíduos, sendo que todos, em algum momento, experienciaram ou experienciarão esse sentimento.
O ciúme ocorre pelo medo que a pessoa sente de perder o objeto de desejo, sente-se ameaçado por outra pessoa e teme que esta o substitua. Almeida, Rodrigues e Silva (2008) em seus estudos falam em ciúme romântico, que é aquele que acontece nas relações amorosas. Trata-se de um sentimento de apreensão despertado no indivíduo e que está relacionado à possibilidade (real ou imaginária) de ser abandonado, rejeitado, menosprezado, bem como uma apreensão ou medo de que haja infidelidade.
De acordo com Ferreira-Santos (2003), todos sentem ciúmes de alguma maneira por algo ou alguém, e isso acontece em todas as fases do desenvolvimento humano, bem como em diversas formas de relacionamento. O ciúme é considerado universal e inato, e surge do desejo de exclusividade no amor de determinado indivíduo. Porém, esse sentimento deve ser de forma moderada para que não atrapalhe as relações. No entanto, apesar de ser algo considerado comum nas relações amorosas, o ciúme, quando de forma excessiva e possessiva, pode ser considerado um risco para a relação e também para a saúde mental dos indivíduos envolvidos. Quando de forma patológica, pode desencadear brigas, discussões e, em casos mais graves, agressões e até a morte.
Porém, nas relações em que o ciúme se apresenta de maneira “eventual e moderada”, ele desperta no parceiro um sentimento de segurança, pois se sente amado e valorizado (GUIMARÃES, 2012).
Embora o ciúme excessivo seja prejudicial à saúde da relação conjugal, a ausência dele também é sinal de alerta, uma vez que a falta desse sentimento pode ser um sinal de que a relação está desgastada e não há mais amor romântico envolvido, atribuindo à relação características fraternas (FERREIRA-SANTOS, 2003). Portanto, tanto o excesso de ciúme quanto a ausência dele são comportamentos que devem ser observados na terapia de casal para um melhor esclarecimento da relação conjugal do casal.
Segundo Almeida, Rodrigues e Silva (2008), o ciúme há tempos vem sendo estudado e embora haja várias pesquisas a seu respeito ainda não se chegou a uma conclusão de sua etiologia, ou seja, ainda não está claro de onde deriva esse sentimento e porque ele acomete o ser humano. Entretanto, alguns estudos apontam que o ciúme excessivo pode ser decorrente de uma infidelidade, ou seja, a pessoa “traída” acaba trazendo esse trauma para as seguintes relações.
Compreendendo o ciúme…
Nessa mesma perspectiva, o ciúme pode estar relacionado também diretamente com a autoestima, que se refere ao sentimento de gostar de si mesmo. O que acontece em pessoas ciumentas é uma autoestima “rebaixada”, que acaba gerando insegurança em relação ao sentimento que o outro tem (ALMEIDA, 2007). Como alguém pode gostar de mim se nem eu mesmo gosto? Essa questão gera uma forte influência na hora de confiar no sentimento do parceiro.
Assim, conforme a qualidade da autoestima do indivíduo, o ciúme na relação pode atingir níveis intoleráveis, mesmo que seja de forma momentânea, isto é, quanto mais baixa for a autoestima, mais intenso será o ciúme (FERREIRA- SANTOS, 2003).
Fonte: https://docplayer.com.br/29192736-Compreendendo-o-ciume-na-relacao-conjugal-um-olhar-sistemico.html.